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Técnicos coletam amostras de água para investigar morte de peixes no Arroio Dilúvio, em Porto Alegre


Equipes do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) coletaram amostras de água em dois pontos do Arroio Dilúvio na manhã desta terça-feira (3), para começar a investigar o surgimento de peixes mortos no local. Eles passam boiando pela água e se acumulam na ecobarreira, a poucos metros do Guaíba. A linha de contenção represa centenas de peixem em meio ao lodo e ao lixo.

As amostras foram coletadas nos cruzamentos das avenidas Ipiranga com a Praia de Belas e com a João Pessoa. A análise preliminar, divulgada no fim da tarde, apontou que a concentração de oxigênio está muito baixa, o que prejudica a vida aquática, segundo a prefeitura. O resultado completo deve sair em até 10 dias. "O baixo índice de oxigênio na água ocorre por motivos como a redução do nível do arroio, com concentração de matéria orgânica, proveniente principalmente do despejo de esgoto não tratado e descarte de resíduos. Desde a sua nascente, em Viamão, o manancial recebe volumes de esgoto, especialmente das ocupações irregulares", diz a nota. "Primeira vez que acontece dessa quantidade e desse tamanho, peixes adultos", comenta o operador da ecobarreira Cláudio Lopes, que trabalha no local desde o início do projeto, há cerca de três anos e meio. "Apesar da sujeira do arroio, os peixes sobrevivem, eles passam e desovam. Nunca aconteceu de aparecer essa quantidade", completa. Cláudio explica que a barreira fica totalmente fechada para que o lixo seja recolhido. "Quando acontecem coisas atípicas assim, a barreira permite abrir um meio metro para esse material passar, os peixes passam e eu recolho o lixo mesmo."


A RBS TV consultou o coordenador de Engenharia Ambiental da Uniritter sobre o assunto. Para ele, os peixes entram em uma espécie de armadilha. Carregados pela chuva, acabaram sem oxigênio quando o nível do Dilúvio baixou.

"Como nós passamos por um período chuvoso muito intenso, [a chuva] carregou matéria orgânica para dentro do arroio (...) A cheia facilita o acesso dos peixes e, com a época da migração, eles vão subir ao arroio e, aí, com o nível que vai baixando, eles podem ficar represados e se concentrarem em algum ponto. Com o aumento dessa população e a diminuição do curso hídrico, vai diminuir a taxa de oxigênio, que pode causar a mortandade", analisa.

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade vai na mesma linha e atribui o aumento da poluição devido ao despejo de esgoto, já que o dilúvio recebe descarte desde sua nascente, em Viamão, passando por diversas ocupações irregulares.

Motivos naturais também não são descartados. A secretaria orienta ainda essas comunidades a ligarem suas redes de esgoto ao sistema de saneamento do município.

O volume de animais mortos nesta terça no arroio impressionou quem passava pelo local.

"Isso, para mim, faz parte de um descaso da administração pública (...) A gente tem o nosso direito a voto, nós elegemos as pessoas que estão no poder e cabe à população fazer a fiscalização, e a gente não tem feito isso de uma forma intensiva", diz o advogado Thomaz Frank Bergman.

"Tristeza. O pessoal não dá jeito. Também, o povo não tem a consciência de colocar o lixo onde tem que colocar, e aí acontece isso", lamenta a dona de casa Ângela Cunha.

"Eu acho um descaso, e a própria população também não ajuda. Todo mundo coloca de tudo no arroio, tudo desemboca aqui, então não tem como ser uma coisa melhor. É bem triste, nossa cidade mereceria coisa melhor", completa o aposentado Márcio Pirillo.

Ecobarreira

Sobre a ecobarreira, a prefeitura informa que a estrutura já impediu que pelo menos 636 toneladas de resíduos chegassem ao Guaíba pelo Dilúvio, desde 2016, e está contendo peixes mortos que descem em direção ao Guaíba.

O material içado do Dilúvio é levado pelo DMLU para a Unidade de Triagem e Compostagem (UTC) Lomba do Pinheiro, onde é triado e encaminhado para o Aterro de Minas do Leão (animais mortos e rejeitos) ou para reciclagem.

Saneamento básico

De acordo com a prefeitura, Porto Alegre oferece coleta de esgoto para 90% dos moradores. A rede coletora de 2.015 km de extensão conduz para tratamento 56% do esgoto gerado, faltando a implantação de mais de 1,2 mil km de canalizações.

A cidade tem 10 estações de tratamento de esgoto (ETEs) e 32 de bombeamento de esgoto (EBEs), diz a prefeitura.

O investimento necessário para universalização do esgotamento sanitário é de R$ 1,77 bilhão para toda a cidade, conforme o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). Para ampliar a rede de cobertura e, consequentemente, reduzir a emissão de poluentes no Dilúvio e no Guaíba, a prefeitura informa que começa nas próximas semanas um estudo para definir a melhor modelagem para o saneamento básico na Capital.



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