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Pessoas da virada: o cuidado que vem de casa


Formado em Ciências da Computação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Luiz Carlos Zancanella Júnior nasceu no interior do Estado, na cidade de Rio Grande, mas vive em Porto Alegre há tanto tempo que se considera porto-alegrense. E, como quase todo porto-alegrense, ele sempre se incomodou com a quantidade de lixo no arroio Dilúvio. Foi desse incômodo que surgiu a ideia da Ecobarreira que, como o nome bem diz, é uma barreira ecológica na foz do arroio, instalada na esquina das avenidas Ipiranga e Borges de Medeiros, no bairro Praia de Belas.

Nela, o lixo que fluiria do arroio para o rio é barrado e retirado, diariamente, por equipes do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). O projeto, que custou R$ 250 mil para desenvolver e executar, foi integralmente financiado pela Safeweb, empresa da família Zancanella na qual Júnior é diretor de tecnologia da informação. Depois da implantação, foram criadas iniciativas que potencializam o impacto da Ecobarreira, como visitas guiadas ao local com escolas da região, e a análise do plástico recolhido com objetivo de dar melhor destino aos resíduos. Ambos os projetos têm apoio da Braskem. Júnior compareceu à Virada Sustentável de Porto Alegre para acompanhar uma mesa na tarde do primeiro dia de atividades.

“Para mim, a Ecobarreira juntou o útil ao agradável. Sempre gostei dessa parte de meio ambiente. Meu avô foi vice-prefeito em Sarandi [interior do Rio Grande do Sul] entre 1959 e 1963 e criou a primeira área de reserva do Estado, a reserva hidroflorestal, que hoje leva seu nome, Domingos Zancanella. Naquele época, ele já tinha essa preocupação e levou a ideia para o governador, Leonel Brizola – o objetivo foi de preservar as nascentes dos rios. Ele sabia que, se ficássemos sem água, não íamos muito longe. Esse senso de responsabilidade ambiental passou pro meu pai, que passou para mim”, diz Júnior.

“Quando montamos [a Safeweb], meu pai teve a preocupação de colocar janelas em todas as paredes para usarmos a luz natural, e de instalar um sistema de reúso de água de chuva para abastecer os vasos sanitários. Há anos também trabalhamos para ser uma empresa que gera a menor quantidade de lixo possível. Temos só uma lixeira por andar para não estimular a produção de resíduos”, afirma Júnior. “Essa consciência sempre esteve presente – então, quando vi a máquina [ecobarreira de Baltimore], pensei que podia ajudar a cidade com um problema crônico e juntar o útil ao agradável: fazer algo legal e resolver um problema”, contou Júnior.

Aos 32 anos, Júnior não tem filhos, mas pensa sempre nos sobrinhos, filhos de sua irmã. “Vejo que eles serão impactados por esse tipo de atitude. O que eu estou fazendo hoje é garantir que, quando a minha sobrinha tiver a minha idade, ela terá, à disposição, água limpa e de qualidade, meio ambiente legal para viver e a possibilidade de usar os recursos naturais”, comenta. “Vejo a sustentabilidade como a utilização consciente desses recursos e a busca por torná-los reutilizáveis”.

Júnior faz questão de lembrar que a sustentabilidade tem um lado social e educativo. “Muita gente vive de reciclagem e, ao jogar o lixo no lugar errado, você tira o trabalho dessas pessoas. Então o conceito de sustentabilidade engloba muito mais do que os recursos naturais”, diz. “A sustentabilidade também envolve educação: a própria Ecobarreira mostra aquele monte de lixo para as pessoas que passam por ali, que sentem o cheiro”. Com isso a sustentabilidade vira assunto e, quem sabe, prioridade para algumas pessoas, como ela já é para Júnior e a família Zancanella.

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